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Melhorar a educação: veja histórias de professores que fazem PND

Melhorar a educação: veja histórias de professores que fazem PND

Mais de 1,08 milhão de inscritos participam, desde as 13h30 deste domingo (26), da primeira edição da Prova Nacional Docente (PND) em todo o país. A prova é etapa obrigatória para quem conclui um curso de licenciatura em 2025 e também para os professores que querem usar a nota do exame em um processo seletivo de docentes, feito por estados e municípios que aderiram ao chamado CNU dos Professores.

A prova tem a duração de 5 horas e 30 minutos e terminará às 19h, no horário de Brasília. Os candidatos, no entanto, podem deixar a sala de aplicação do exameapós duas horas do início.

No Distrito Federal, um dos candidatos da PND éFrancisco Gilvar Pereira da Silva, filho de um casal de analfabetos do Piauí. Aos 56 anos, ele concluirá o curso de letras – português em dezembro, sua segunda graduação. A vida nunca foi fácil para Francisco, que começou a trabalhar aos 7 anos como auxiliar no carregamento de areia e madeira de caminhõesem Amarante (PI). A vinda para Brasília foi motivada pelo serviço militar. Mas, foi como auxiliar de limpeza, em uma escola privada de Brasília, e a proximidade com o meio acadêmico que a vontade de ser professor foi despertada em Francisco.

Dentro da instituição de ensino, ele galgou posições até o cargo de auxiliar administrativo, o que o influenciou na escolha do primeiro curso, o de administração. Ele foi oprimeiro integrante da família a ter um curso superior, masfaltava algo para realizar o sonho. Então, conquistou uma bolsa de estudos e correu atrásdo sonho de cursar a licenciatura que mais tem familiaridade com as letras, aquelasque seus parentes não conheciam. Os pais falecidos não terão a oportunidade de ver o filho com diploma na mão. Mas é para a terra natal que ele quer voltar para fazer a diferença na educação de outros “Franciscos e Franciscas”, como foi um dia em Amarante.


Brasília (DF), 26/10/2025 - Francisco Gilvan aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Francisco Gilvaraguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente – FotoMarcelo Camargo/Agência Brasil

“Sinto uma emoção grande porque tenho vontade de retornar para o meu estado para dar oportunidade àqueles que não têm condições [de estudar], como eu não tive. E para ensinar, passar o meu conhecimento e um pouco da minha experiência para a frente. Será gratificante.”

Um sonho

Outro candidato no Distrito Federal, o indígena da etnia Marubo, Edinácio Silva Vargas, de 32 anos, aguardava o momento de cruzar o portão doCentro de Ensino Médio Paulo Freire, na Asa Norte, centro da capital federal, para fazer a Prova Nacional Docente. Ele contou à reportagem daAgênciaBrasilque desde que saiu da Terra Indígena (T.I.) Vale do Javari, em Cruzeiro do Sul (AC), tinha o sonho de ser professor de línguainglesa.

“Era um sonho antigo de querer falar outra língua. Ainda não estou fluente, mas falta pouco. Também penso nas perspectivas profissionais que o inglês pode proporcionar.”

Em sua trajetória de estudante, Edinácio se formou em gestão pública pelaUniversidade Estadual do Amazonas. Hoje, ele quer unir as duas formações superiores em benefício de seus futuros alunos.

“Com base nos últimos estágios obrigatórios que eu fiz, na licenciatura, eu quero dar apoio, mediar o conhecimento. Quero, com a minha profissão, ensinar, ajudar as pessoas, o que contribui na formação para a vida dos alunos. Eu gostei mesmo dessa ‘coisa’ de ajudar”, admite.

O exemplo arrasta

O futuro professor de educação física, Diego Lima, decidiupelo exemplo. Como atleta paralímpico, o jovem conta que teve grandes mestres que lhe deram incentivo para competir. A dedicação desses professores o inspirou a ser um deles.

“Para mim, estar aqui, hoje, nessa última etapa, é muito gratificante, porque estou seguindo os grandes exemplos que tive.” Também é um orgulho para eles ver um aluno se formando e querendo ser um profissional assim como eles foram.”


Brasília (DF), 26/10/2025 - Diego Lima aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Diego Lima aguarda para fazer a Prova Nacional Docente em Brasília.FotoMarcelo Camargo/Agência Brasil

Diego Lima nasceu com paralisia cerebral. Atualmente, além de estudante do último ano da graduação, ele é velocista cadeirante, depois de ter praticado atletismo, tênis ebasquete de cadeira de rodas. A virada de chave na cabeça e no coração, que o fez pensar na docência, foi há dez anos.

Porém, a falta de recursos financeiros quase o fez abandonar a faculdade no meio do curso. Pelo Programa Atleta Cidadão, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que tem o objetivo de estimular o desenvolvimento pessoal e profissional, Diego Lima voltou a estudar e quer alçar novos voosapós se formar.

“Agora, estou na fase de querer fazer a diferença na vida de outros atletas. Quando estiver na carreira de professor, quero dar sequência, passar o que aprendi para os futuros alunos e dar o conhecimento que eles precisam.”

Para Maíra Araújo dos Santos, de 23 anos, moradora da cidade deItapoã, noDistrito Federal,os comportamentos de uma professora de química chamada Marina, no ensino médio, a influenciaram a decidir pelo curso.”Se a gente parar para pensar, tudo ao nosso redor é química. Eu quero mostrar para os estudantes que essa área é muito mais do que uma matéria que vai lhes dar medo, como a professora Marina me ensinou. Munida de caneta preta para fazer a prova, Maíra confessa que antes mesmo de pensar em ser professora, ela faz a prova neste domingo porque precisa comprovar a presença para, enfim, ter o aguardado diploma. “Essa prova é do Enade das Licenciaturas. Então, para a faculdade liberar meu diploma, preciso fazer a PND.”


Brasília (DF), 26/10/2025 - Maíra Santos aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Maíra Santos conta que o comportamento de uma professora de química, no ensino médio, a influenciou para fazer o curso – FotoMarcelo Camargo/Agência Brasil

Os candidatos respondem às questões da PND neste domingo, que têm o conteúdo baseado na mesma matriz da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, que, desde a sua primeira edição em 2024, tem foco nos cursos de formação docente,

Carreira do cuidado

Se a Maíra quer, com urgência, concluir o curso de química, o objetivo deSolange Oliveira Braga, formada em pedagogia, é ser aprovada no concurso da Secretaria de Educação do Distrito Federal, autorizado neste mês e que vai ser realizado em2026. “Já estou estudando, porque no ano que vem já vai ter concurso da Secretaria de Educação do DF. Estou nesse propósito. Pretendo dar aulas a crianças menores5 anos.” A vocação para a educação infantil ela diz ter percebido ao cuidar dos irmãos pequenos, na cidade mineira de São Francisco. “Você lembra da sua infância, do cuidado com os irmãos e de como é bom aquele contato com crianças. É o amor verdadeiro.”

O pontapé que faltava para lecionar veio da própria família. “Tenho parentes que atuam nessa área. Então, fui me espelhando neles. Por isso, a vida toda eu sempre falei: quando eu estudar, quero ser professora”

Profissão que forma todas as outras

A estudante Marcela Silva Vaz, de 31 anos, também concluirá o curso de licenciatura em 2025. Ao mirar na estabilidade do serviço público e no salário certo todo início de mês, Marcela pensa ainda nas crianças em situação de vulnerabilidade econômica esocial. “Há muitas crianças carentes e algumas escolas deixam muito a desejar. Quero ser um diferencial nisso tudo, trabalhando no primeiro ano do ensino fundamental, onde o saber começacom o ensino para ler e escrever.”


Brasília (DF), 26/10/2025 - Marcela Silva Vaz aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcela Silva Vaz quer trabalhar com crianças, no ensino fundamental – FotoMarcelo Camargo/Agência Brasil

Marcela explica que o professor da educação básica é o profissional que forma todos os outros.

Sobre a realidade dentro de sala de aula, ela defendeque as redes de ensino devem se adaptar melhor para o atendimento de estudantes neurodivergentes e com outras necessidades especiais. “Hoje em dia, háum número maior de crianças especiais nas escolas. Entendo que professores têm dificuldades e muitos não conseguem atingir bem o objetivo de ensinar, por diversos fatores. Masaprendi a dar o meu máximo. Na escola, quero ser uma professora que dá a direção, em conjunto com a família. O professor tem que ter essa dedicação”.

Participantes

Segundo o Ministério da Educação (MEC), Brasília e as demais cidades do DFaparecem na terceira posição entre as cidades com maior número de inscritos (18.754), entre 1,08 milhão de inscritos. As primeiras colocações são domunicípio deSãoPaulo(84.633), seguido pelo município do Rio de Janeiro (28.765). O estado com maior número de inscritos confirmados é São Paulo (253.895), seguido porMinas Gerais (97.113) e o Rio de Janeiro (72.230).

Em relação às 17 áreas da licenciatura avaliadas neste domingo, a pedagogialiderou as inscrições naPND, com 560.576 pessoas confirmadas. Em segundo lugar, figura a área de letras – português, com 73.187 confirmações; seguida de matemática (72.530) e de educação física (65.911).

APND

APND será aplicada anualmente. A prova faz parte do programaMais Professores para o Brasil,que reúne ações de reconhecimento e qualificação do magistério da educação básica e de incentivo à docência no país.

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