A 5ª edição do Festival de Cultura em Direitos Humanos (DH Fest)estreia nesta terça-feira (25), em diversos espaços culturais da capital paulista, com programação gratuita. Na cerimônia de abertura, haverá exibição do longa-metragem Alma Negra, do Quilombo ao Baile, dirigido por Flavio Frederico, às 20h, na Reserva Cultural. Aberta ao público, a sessão terá retirada de ingresso com um hora de antecedência.

O longa, inédito no circuito comercial, retrata o movimento de valorização da cultura negra e a luta política contra o racismo pelo olhar de algumas das grandes intelectuais negras desde os anos 1970, como Beatriz Nascimento, Lélia González e Edneia Gonçalves.
Até 12 de dezembro, a programação acontece no Centro Cultural São Paulo (CCSP), Cinemateca Brasileira, Galpão Cultural Elza Soares, Espaço Petrobras de Cinema e Reserva Cultural, além da plataforma de streaming CultSP Play. São exibições de filmes – de longa e curta-metragem, shows, teatro e debate, além de um almoço e festa de discotecagem no Galpão.
No marco dos 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog pela ditadura militar em 1975, o festival homenageia seu legado com um ciclo de documentários sobre a trajetória do jornalista. “Democracia não é herança garantida: é cultivo diário, feito com corpo, palavra e sonho”, ressalta o instituto.
Um dos títulos é A Vida de Vlado – 50 Anos do Caso Herzog, de Simão Scholz, que traz depoimentos dos filhos Ivo e André Herzog, dos jornalistas Paulo Markum, Dilea Frate, Sergio Gomes e Anthony de Cristo. O filme refaz o caminho que Clarice Herzog, sua esposa, com o objetivo de responsabilizar os culpados pelo assassinato do jornalista.
Memória, Terra e Liberdade
Com o tema “Memória, Terra e Liberdade”, o evento promoverá um debate com o mesmo nome, reunindo o ambientalista, pesquisador e escritor martinicano Malcom Ferdinand e a escritora e ativista indígena guarani Geni Nunez. O debate será na quinta-feira (27), às 19h30, no Centro Cultural São Paulo.
“A memória não é passado estático, é ferida aberta e também semente de futuro. A terra não é só território, é corpo, é alimento, é a promessa de permanência. A liberdade não é concessão, é direito inegociável, é respiração coletiva, é o gesto de se levantar contra o esquecimento”, divulgaram os organizadores do evento.
O evento promove ainda, pela primeira vez, a entrega do Prêmio Marimbás, que reconhece nomes relevantes da arte e da cultura cujas trajetórias têm relação com os direitos humanos. O fotógrafo Sebastião Salgado (in memoriam) e a atriz e cantora Zezé Motta serão os premiados deste ano. Após a cerimônia, Zezé apresenta um pocket show –apresentação musical de curta duração.
O prêmio, que teve o troféu desenhado pela desenhista e cartunista Laerte, faz referência ao título do documentário Marimbás, único filme dirigido por Vladimir Herzog.
No Galpão Cultural Elza Soares, o sábado (29),ocorreráalmoço da Cozinha Escola Dona Ilda (MST); a festa Discopédia, dedicada a discotecagem em vinil; e uma apresentação da cantora, compositora, atriz e política Leci Brandão. Ícone do samba e da luta pelos direitos humanos, Leci apresenta repertório que percorre as lutas do povo negro e das mulheres.
Mais uma novidade desta edição é a apresentação de espetáculos teatrais. O Grupo Pano encena a peça musical Cerrado!, indicada ao Prêmio Shell 2025, na quarta-feira (26), às 19h, no Espaço Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo. A tragicomédia utiliza o realismo fantástico e o teatro do absurdo para discutir os efeitos do colonialismo e a falta de integração na América Latina.
Com mais de 20 de produções, a seleção de filmes traz obras inéditas assinadas por diretores como Aurélio Michiles, Evaldo Mocarzel, Joel Zito Araújo e Tainá Müller, além de uma série de Caru Alves de Souza.
A programação completa está no site do evento.

